Graciliano Ramos - Obras

 Obras

A obra de Graciliano Ramos pode ser dividida assim:
- Romances ances escritos na primeira pessoa: de profundo no na alma humana. São essencialmente romances psicológicos: Caetés, São Bernardo, Angústia.
- Romance escrito na terceira pessoa onde o psicológico cede um pouco à realidade exterior: Vidas Secas.
- Obras autobiográficas onde o íntimo busca sua expressão mais pura: Infância, Memórias do Cárcere.

Estilo

Fez romances e contos fortemente memorialistas em estilo conciso, apresentando apenas o essencial, sem exageros realistas ou fugas sentimentais.
Graciliano Ramos é um dos mais importantes representantes do grupo nordestino. Originário de Alagoas, conheceu os problemas da terra, os quais são por ele narrados através de uma produção repleta de vida e fruto de experiência pessoal. Sua criação é de um realismo agressivo e acusatório. A miséria de uma região e o sofrimento de um povo, que é o seu, serão descobertos aos olhos dos outros. Contudo, é bom ressaltar que nunca o cenário, embora importante, prevaleceu sobre o psicológico. 
Graciliano Ramos é o revelador da alma humana; mergulha no recôndito da alma tendo como cenário o Nordeste brasileiro.

Resumos e Comentários

SÃO BERNARDO - GRACILIANO RAMOS

Em São Bernardo, o tema é o problema agrário do Nordeste. 
Tudo acontece na fazenda São Bernardo, sendo Paulo Honório e Madalena as personagens centrais. Paulo, como poderoso senhor de um império econômico da região, está em permanente conflito com tudo e todos, para manter uma posição superior, com direitos sobre a vida de todos. Madalena, sua esposa, é a consciência dos problemas sociais, da exploração dos trabalhadores... procurando amenizar a ação agressiva e possessiva a que Paulo se habituara para conquistar um lugar ao sol. 

Daí, além do conflito sócio-econômico, já citado, o conflito psicológico entre o mundo do ter (Paulo) e o mundo do ser (Madalena), resultando no suicídio desta. Propondo um protagonista extremamente agressivo perante o ambiente social (exploração do trabalho) e perante o ser humano (tentativa de subordinar também Madalena), Graciliano consegue levar os leitores à consciência e à crítica do mundo.

ANGÚSTIA - GRACILIANO RAMOS

Em Angústia, o tema está relacionado à vida de cidade, onde Luís da Silva vive de pensão em pensão. O painel humano destas pensõezinhas de província é mesquinho, de recalque e safadeza, de uma sufocante degradação. O protagonista Luís da Silva, não podendo livrar-se desta situação, reage pela solidão, pelo isolamento e pela análise da decadência moral de seu ambiente. O arrastar de uma existência assim leva-o à náusea total, cuja única solução, pela qual optou o autor, é o crime e, depois c suicídio. Embora mais deslocado para a margem de análise psicológica, porém sem prejuízo do social, esta obra e genuinamente existencialista.

Graciliano Ramos obras
Graciliano Ramos


VIDAS SECAS - GRACILIANO RAMOS

Vidas Secas é o relato de várias situações vividas por uma família nômade de sertanejos: Fabiano, Sinhá Vitória, dois meninos, um cachorro, um papagaio. Entre duas secas, fixa um quadro duro e comovente das condições adversas com que se defronta o camponês nordestino, e sua capacidade de resistir a elas, mesmo que passivamente.
Fabiano - personagem central - sofre agressividade em todos os níveis: massacrado pela seca, explorado pelos patrões e subjugado pela política. Fabiano e sua família são reduzidos à miséria física, econômica e mental.
“Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos representam toda a gente do sertão. Quase nivelados aos animais, num estado de miséria subumana, trancam-se, como defesa, em um mutismo que os aproxima ainda mais dos animais. Seca é a vida do sertão, seco é o homem do sertão. Massacrado pela caatinga, agredido pela seca, nem ao menos fala. Não sabem falar, pois nada, além de miséria e sofrimento, têm a comunicar. Adequando a linguagem ao tema, o romancista exprime-se de forma concisa, dura, e, por isso mesmo, sem grande expressividade.

A personagem mais trabalhada e que carrega uma forte dosagem simbólica é a cachorra Baleia. Um animal que sonha com seres humanos e pensa como um ser humano é colocado ao lado de homens que nem ao menos sabem falar. Isto coloca o ser humano nordestino muito abaixo das condições animalescas.
Enquanto a cachorra Baleia é tratada como gente, sob todos os pontos de vista, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho e o menino mais novo quase nem falam, aproximando-os do mundo animal (plano de linguagem). É angustiante, no romance, aquela dificuldade de expressão que encontramos nas personagens. Notamos a indecisão na escolha das palavras: Sinhá Vitória estica os beiços para apontar as coisas, Fabiano usa onomatopéias, como se estivesse grunhindo -hum, hum. O menino mais velho e o menino mais novo não têm nome, mas a cachorra Baleia tem. À medida que se animalizam as personagens, humanizam-se os animais.”
(Literatura Brasileira, de Sérgio Alberto de Souza e Suzana Rodrigues Pavão)

Outras Obras

Na sua prosa autobiográfica (Infância e Memórias do Cárcere) subsiste o mesmo clima de tensão crítica permanente, sendo o escritor o próprio protagonista e~ eterno conflito com a realidade social e psicológica o: mundo em que vive.


Insira seu comentário sobre esta postagem. Nossa equipe responderá assim que possível.

0 Comentários